Por volta das 6h, a corporação informou que o fogo estava totalmente controlado. À TV Globo, o supervisor de Operações dos Bombeiros Lamartine Melo, afirmou que ao menos 15 crianças e duas cuidadoras foram retiradas do local.
“O fogo atingiu, principalmente, a sala e o terraço. Os quartos não foram atingidos pelo fogo, mas, sim, pela fumaça extremamente tóxica”, declarou.
Perícia
O Instituto de Criminalística (IC) esteve no Lar Paulo de Tarso. A perita criminal Magda Pedrosa informou que não foi possível fazer a perícia sobre as causas do incêndio. Segundo ela, o local ainda estava muito aquecido no início da manhã desta sexta.
Ela também disse que há uma preocupação com a estrutura do imóvel. Rachaduras podem surgir quando acontecer o esfriamento da estrutura.
“Então, é preciso aguardar algumas horas para realizar essa perícia. Fomos ao local apenas para periciar os corpos. A perícia do incêndio será realizada ainda hoje [sexta]”, afirmou.
Luto
Moradora do bairro há mais de 30 anos, Suellen mora na frente ao centro e contou à TV Globo o desespero dos moradores no momento do incêndio.
“Ouvi muita gritaria, eram umas 2h. O vizinho da frente arrombou e arrancou a grade. Terrível, sem palavras, foi muito feio”, disse Suelen.
Arthur Fagner mora ao lado do abrigo e ajudou a salvar vítimas do incêndio. “Foi a pior situação da minha vida”, afirmou.
Uma das pessoas que morreu foi Margareth da Silva. O filho dela, Adjair da Silva, contou que a mãe era cuidadora.
“Fazia mais de dez anos que ela trabalhava aqui, desde antes de o lar mudar para cá. Ela sempre trabalhava à noite. Passou um tempo de manhã, mas quase sempre trabalhava à noite. Eu quero enterrar minha mãe o mais rápido possível”, afirmou.
A cuidadora de idosos Claudiana Santana é sobrinha de Margareth. Ela afirmou que falou com a tia na noite de quinta (13).
“Quando eu vi a notícia, pensei ‘meu Deus, é o Paulo de Tarso’. E ela foi trabalhar. Ela dizia que dava um cochilo de madrugada para organizar as coisas antes de a outra cuidadora chegar. Ela passou um tempo trabalhando de dia, mas disse que era muito cansativo e voltou para a noite. Ela falava muito das crianças, pedia para a gente orar por elas. Morreu fazendo o que amava”, declarou.
Por meio de nota, a governadora Raquel Lyra (PSDB) afirmou que Pernambuco “está de luto com o que aconteceu nesta madrugada no Recife, no Instituto de Caridade Lar Paulo de Tarso”. “Deixo a minha solidariedade às famílias das vítimas neste momento de muita dor”, disse.
O Lar Paulo de Tarso foi fundado em 1991. Segundo o site oficial, a organização não-governamental (ONG) recebe crianças e adolescentes encaminhadas pelos conselhos tutelares e Juizado da Infância e Juventude.
Eles ficam lá até conseguir retornar para a família de origem. Quando essa possibilidade é esgotada, são encaminhadas para famílias substitutas, por meio de guarda, tutela ou adoção. Na instituição, há programas de educação e acolhimento dos jovens.
Crianças e jovens que também são atendidos pelo abrigo vão ser transferidos para outras entidades.
Por meio de nota, o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) afirmou que:
- “fará tudo que estiver ao alcance para amenizar o sofrimento das vítimas dessa tragédia no Lar Paulo de Tarso”;
- vai fazer uma “campanha para doação de alimentos, remédios, roupas, brinquedos e material de construção” ;
- “também prestará apoio psicológico às vítimas e ajudará na retirada da segunda via de documentos”;
- “o momento é de dor, mas também de ações urgentes e de muita união”.
Ainda no texto, o TJPE informou que:
- “os laudos sanitário, dos bombeiros e alvará de funcionamento estão em dia”;
- “a administração das casas de acolhimento é de responsabilidade direta do município ou de ONGs, que recebem recursos das respectivas prefeituras”;
- “ao TJPE cabe, juntamente com o MPPE, fazer fiscalizações periódicas. Se houver irregularidades, as providências cabíveis são tomadas”;
- sobre o acesso dos parentes às crianças vítimas do incêndio, “está sendo avaliado, caso a caso, aqueles que podem realizar a visitação”;
- “o acolhimento acontece quando a criança ou adolescente está em situação de risco junto à família biológica; se não houver restrição de visitas pelos familiares, o acesso será plenamente garantido”.
Para “prestar solidariedade e oferecer acolhimento às pessoas que fazem parte do Lar Paulo de Tarso nesse momento tão difícil”, o TJPE iniciou uma campanha para arrecadar doações para o abrigo. Móveis podem ser entregues na Rua Martins Ribeiro, 288, no bairro do Hipódromo, na Zona Norte do Recife.
Nos prédios do TJPE, podem ser doados alimentos, materiais de limpeza e de higiene pessoal, roupas, utensílios domésticos e brinquedos. Confira os pontos de arrecadação de donativos:
- Palácio da Justiça – Praça da República, s/n – Santo Antônio;
- Fórum Desembargador Rodolfo Aureliano – Avenida Desembargador Guerra Barreto, s/n, Ilha Joana Bezerra;
- Escola Judicial de Pernambuco – Rua Desembargador Otílio Neiva Coêlho, s/n, Ilha Joana Bezerra;
- Fórum Paula Baptista – Rua Imperador Dom Pedro II, 207, Santo Antônio;
- Fórum Thomaz de Aquino – Avenida Martins de Barros, 593, Santo Antônio;
- Central de Juizados Especiais da Capital – Avenida Mascarenhas de Morais, 1919, Imbiribeira;
- Centro Integrado da Criança e Adolescente (Cica) – R. João Fernandes Vieira, 405, Boa Vista;
- Fórum de Jaboatão dos Guararapes – Rodovia BR 101, Prazeres;
- Fórum de Olinda – Avenida Pan Nordestina, s/n – Vila Popular;
- Fórum de Camaragibe – Avenida. Dr. Belmino Correia, 144.
PORTAL SBN