Kelma Silva Santos Andrade, esposa de Maciel Bruno de Andrade Costa, de 35 anos, que está entre as sete vítimas da chacina dentro do próprio bar que administrava em Sinop, ao norte do estado, contou à TV Centro América que não sabe por onde recomeçar após perder o marido. Ela também disse que o clima no estabelecimento sempre foi tranquilo e alegre, e que nunca esperava que algo assim pudesse acontecer.
“Tudo era ele, desde comer até a conta de água e luz era ele. Ele é o alicerce da casa. Quanto para a mãe dele, quanto para mim, estamos sem chão. Eu não sei por onde vou recomeçar. Eu trabalho, mas é difícil. Tudo era ele. Minha sorte é que minha família está do meu lado”, contou.
Na terça-feira (21/2), no dia em que aconteceu a chacina, ela disse que foi trabalhar no mercado e deixou os dois filhos em casa, porque estavam sem aula. Ao ver a irmã entrando no comércio, às lágrimas, ela pensou que algo tivesse acontecido com os filhos.
“Quando ela [irmã] disse que era com Bruno, aí eu desabei. Eu saí correndo daquele mercado, gritando, parecendo uma louca. Todo mundo correndo atrás de mim porque ninguém estava entendendo nada. Ela me disse que era verdade, que tinha acabado de assassinar o Bruno, e eu falei que era mentira, que ele conhece todo mundo e seria impossível alguém matar ele”, lembrou.
Na frente dos filhos, Kelma disse que se mostra forte diante da situação. “Eu não posso desanimar. Uma coisa que ele me falava todo dia era de que me admirava, dizia que eu era guerreira, que sou forte. Ele me admirava muito como mãe e que se ele tivesse que escolher mil vezes, seria eu para ser a mãe dos filhos dele. Então, perto deles eu estou forte”, afirmou.
Os jogos de sinuca no bar, segundo ela, aconteciam a cada cinco meses. O clima no estabelecimento era tranquilo e nunca teve qualquer discussão, inclusive no dia da chacina não houve qualquer discussão, de acordo com ela.
Um dos autores dos assassinatos, Edgar que está preso, frequentava o mesmo lugar que Bruno, mas não andavam juntos. Já Ezequias, que morreu em confronto com a polícia, Kelma disse que não o via pelo estabelecimento.
“Se tinha algum problema, ficava lá [no bar]. Ele não me trazia essas coisas. De vez em quando, o Edgar e ele iam participar de torneios em Alta Floresta e Cuiabá. Os dois gostavam de jogar, mas não andavam juntos. Ele falava que Edgar era um jogador”, disse.
Um vídeo registrado pelas câmeras de segurança do bar mostrou o momento em que um dos homens, com uma pistola, pede para que as algumas das vítimas fiquem de costas, viradas para a parede.
Enquanto isso, um outro homem pega uma espingarda calibre 12 mm na caminhonete e, em seguida, atira contra as vítimas. Algumas das pessoas tentam correr, mas são atingidas fora do bar.
Após a execução, os homens roubaram o dinheiro que estava em uma das mesas de sinuca, além de outros objetos do bar. Eles fugiram em uma caminhonete que estava estacionada em frente ao local.
- O suspeito Edgar e a vítima Getúlio combinaram, dias antes, de jogar sinuca, apostado, no bar onde o crime ocorreu.
- Na manhã dessa terça-feira (21), os dois iniciaram as apostas. Edgar perdeu cerca de R$ 4 mil e foi para casa.
- Getúlio continuou no bar, junto com a esposa e a filha, onde almoçaram e ficaram conversando com amigos.
- Durante a tarde, Edgar voltou na companhia de Ezequias e desafiaram Getúlio novamente.
- O clima no local era tranquilo e não houve discussão ou qualquer outra desavença, segundo testemunhas relataram ao delegado.
- A dupla perdeu mais partidas para Getúlio. Edgar fica revoltado, joga o taco de sinuca na mesa, dá um sinal para Ezequias, que rende todas as pessoas, enquanto o comparsa pega uma espingarda no carro.
- Ezequias dá um tiro em Bruno, dono do bar, e depois um tiro pelas costas do Getúlio, que cai, e recebe mais dois disparos na cabeça.
- Enquanto isso, Edgar dispara nas outras vítimas que estavam no local.
- Três pessoas correm para fora do bar, entre elas a adolescente, mas são atingidos pelas costas e morrem. Uma conseguiu fugir.
- Após a execução, os homens pegam o dinheiro que está em uma das mesas de sinuca e outros objetos pelo bar e fogem em uma caminhonete que estava estacionada em frente ao local.
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