Amoêdo declara voto em Lula, é criticado pelo Novo e se defende
Ex-presidente do partido Novo foi um crítico constante dos governos petistas e disputou as eleições presidenciais de 2018 com discurso a favor do liberalismo econômico![](https://portalsbn.com.br/storage/images/cache/amoedo-declara-voto-em-lula-e-criticado-pelo-novo-e-se-defende-900-bd1bfeed33808.webp)
O empresário João Amoêdo, ex-presidente do partido Novo e ex-candidato à Presidência da República, declarou neste sábado (15) que votará em Lula, do PT, no segundo turno da eleição presidencial contra o presidente Jair Bolsonaro, do PL.
"É uma decisão difícil, pois não concordo com nenhum dos dois. A qualquer um que seja eleito, serei oposição desde o primeiro dia, mas meu direito de oposição tem mais chance de ser preservado com Lula do que Bolsonaro”, disse Amoêdo ao g1.
“Bolsonaro tem atentado contra os poderes, cooptou o Legislativo com o orçamento secreto e vem testando essa ideia de aumentar os membros do Supremo para formar maioria. Apesar das discordâncias, serei obrigado a fazer algo que nunca fiz na vida, que é votar no PT”, disse.
Amôedo foi um crítico constante dos governos petistas e disputou a eleição presidencial de 2018 apoiado no discurso do liberalismo econômico. Ele ficou em 5º lugar, com 2,6 milhões de votos no primeiro turno.
O empresário, inclusive, tentou disputar novamente a cadeira do Palácio do Planalto neste ano, mas foi preterido por Luiz Felipe D'Avila. O candidato foi anunciado em convenção nacional do partido, que ficou marcada pela divisão entre os filiados favoráveis e contrários ao presidente Jair Bolsonaro (PL).
O racha no partido persiste e a posição de Amoêdo contrasta com outro expoente do Novo, o governador reeleito de Minas Gerais, Romeu Zema. Dois dias após o primeiro turno, Zema anunciou o apoio a Bolsonaro após uma reunião com o presidente no Palácio da Alvorada, em Brasília.
Zema disse que herdou uma “tragédia” do governo petista de Fernando Pimentel, e que esse foi um dos motivos que o levaram a Brasília para declarar apoio ao candidato do PL.
O partido Novo não formalizou apoio a Bolsonaro, mas disse, em 3 de outubro, que é contra o PT e o lulismo e liberou seus filiados e eleitores a votar no segundo turno de acordo com a “consciência” e “princípios partidários”.
Após a declaração de Amoêdo, neste sábado (15), o atual presidente do partido Novo, Eduardo Ribeiro, divulgou uma nota nas redes sociais e chamou a decisão de "vergonhosa, constrangedora e incoerente".
"O PT e o Lula representam tudo o que o nosso partido sempre combateu. Essa é a prova final de que o Novo nunca mudou, quem mudou foi o João", disse Ribeiro.
O perfil do partido Novo no Twitter também postou contra Amoêdo. "É absolutamente incoerente e lamentável a declaração de voto de João Amoêdo em Lula, que sempre apoiou e financiou ditadores e protagonizou os maiores escândalos de corrupção da história. Seu posicionamento não representa o Partido Novo e vai contra tudo o que sempre defendemos", diz a mensagem.
Em resposta, Amoêdo disse, também em post, que lamenta "que o partido utilize meios oficiais para atacar a liberdade de expressão e política de um filiado. Ao responder o questionamento acerca do meu voto em segundo turno, apenas exerci um direito que me é conferido pela nossa Constituição".
E acrescentou: "Tal direito não apenas dialoga com um dos pilares do NOVO - a liberdade de expressão - como também encontra amparo no seu Estatuto, em Diretriz Partidária vigente e em uma nota recente que textualmente reafirmou a liberdade de seus filiados em votar segundo suas convicções".