'Lugar errado e hora errada', diz pai de militar que teve corpo carbonizado
Ao chegarem, os cadáveres sem identificação foram localizados no banco de trás e no porta-malas do veículo.O sargento do Exército Julio Cesar Mikaloski mandou uma mensagem de WhatsApp para o pai, por volta de 16h da última sexta-feira, avisando que tinha chegado bem a São Pedro da Aldeia, na Região dos Lagos, acompanhado do amigo, o sargento da Marinha Sidney Lins dos Santos Júnior, na última sexta-feira, horas antes de serem mortos carbonizados. Era a primeira vez que Julio visitava a cidade. Elisandro Equey, de 61 anos, contou que o filho decidiu pegar a estrada de última hora para passar o fim de semana na casa de amigos. O pai conta que está consternado com a notícia da morte.
— Meu filho era um cara tranquilo. Ele sabia andar nos lugares. Imagino que ele estava no lugar errado e na hora errada e acabou morrendo por isso — lamentou.
Julio estava no Exército há 12 anos. Aos 33 anos, esteve à frente da ocupação do Complexo Alemão, em novembro de 2010. O pai reclama que desde que a morte foi constatada, o Exército não fez contato e tampouco prestou assistência. Em nota, o Comando Militar informou que "neste momento de consternação, está prestando todo o apoio à família e solidariza-se com os familiares e amigos.”
— Eu só quero sepultar meu filho. Até agora não foi feito exame de DNA. Não fui procurado pelo Exército. Eu gostaria que eles se empenhassem mais para descobrir o paradeiro dos criminosos que o mataram. Mas até agora ninguém foi preso, e o caso segue impune — desabou Elisandro.
Procurada, a Marinha ainda não se manifestou sobre a morte do militar que pertence a seus quadros.
A família de Julio viajou para São Pedro da Aldeia na madrugada de sábado assim que foram avisados pela polícia de que o corpo dele e do sargento da Marinha teriam sido encontrados dentro do carro, um Honda Civic, na Estrada do Caveira, na mesma região. Eles saíram do Rio por volta de 0h, chegando à Região dos Lagos, por volta de 1h de domingo.
— Ficamos aguardando os procedimentos serem feitos na delegacia. Algumas testemunhas foram chamadas para depor. Por conta da demora nos procedimentos, tivemos que voltar ao Rio. Estamos aqui aguardando alguma atualização do caso — afirmou.
— Meu filho estava acostumado a entrar em lugares perigosos. Ele sabia que o Rio é perigoso e por isso andava armado. Ele tinha licença. Mas, ele não foi armado para lá. Eu acho que se ele pudesse se proteger, talvez não tivesse morrido. Eu fico muito chateado com tudo isso. Ele era um cara apaziguador. Tenho certeza que para tentar conter a confusão ele deve ter se identificado como militar. Talvez isso tenha piorado as coisas — lamentou.
Visita à casa de prostituiçãoJulio Cezar era separado e mantinha a guarda dos filhos compartilhada. Ele morava sozinho no bairro Monte Castelo, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. Já o amigo Sidinei Lins, conhecido do militar há quase 10 anos, teria se mudado para Cabo Frio há poucos meses. Foi a convite dele que Julio decidiu viajar. Agora, o pai espera que todas as providências sejam tomadas para que o caso possa ser solucionado.
— Eu quero que os responsáveis pela morte dele sejam presos. Meu filho não merecia isso. Estou muito chateado porque até agora não fizemos o exame de DNA. Ninguém nos ligou para agendar nada. E agora, eu fico aqui esperando respostas e sofrendo a perda do meu filho — desabafou.
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