Por que a Marcha para Jesus se tornou um evento pró-Bolsonaro?

Portal SBN
Quarta, 20 de outubro de 2021, 16:15:21

Por que a Marcha para Jesus se tornou um evento pró-Bolsonaro?

Movimento que reúne evangélicos tem sido parada quase obrigatória do presidente em suas viagens pelo país
Espírito Santo - Macha Para Jesus

Muito antes de a campanha para as Eleições 2022 começar oficialmente, o que só acontece em agosto, o presidente Jair Bolsonaro (PL) já vinha percorrendo o país em motociatas com apoiadores para demonstrar a adesão a seu nome na disputa à reeleição. 

Mais recentemente, uma nova estratégia, ainda que não declarada, passou a fazer parte da agenda das visitas presidenciais aos Estados: a participação na Marcha para Jesus, evento que reúne evangélicos para momentos de música e oração. Na passagem de Bolsonaro pelo Espírito Santo neste sábado (23/07/2022), o movimento religioso será mais uma vez ponto de parada do presidente.

De maio até o momento, Bolsonaro esteve na Marcha para Jesus em Manaus (AM), Curitiba (PR), Balneário Camboriú (SC), Fortaleza (CE) e na capital paulista — apontada como a maior do país. No evento de São Paulo, discursou sobre "a guerra do bem contra o mal" e advertiu os fiéis para "o risco de o Brasil virar uma nação pintada de vermelho socialista." O tom é de campanha, embora os apoiadores do presidente no Espírito Santo afirmem que, por aqui, não vai ser um ato político. 

"O evento não tem vínculo com nenhum pré-candidato nem patrocínio de políticos. Portanto, a Marcha para Jesus é uma grande manifestação religiosa, centrada na celebração da fé cristã e, neste ano, em especial, o evento contará com a presença do presidente da República, Jair Bolsonaro, que foi convidado pelo próprio Fenasp/ES, devido ao fato do Chefe de Estado ser um defensor dos valores do cristianismo", diz em nota o Fórum Evangélico Nacional de Ação Social e Política, organizar da marcha no país.

Por outro lado, Gerson Leite, historiador, filósofo político e professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, aponta que Bolsonaro há algum tempo está usando de maneira instrumental a religião a seu favor, e que ele viu no movimento evangélico uma oportunidade de fazer com que seu discurso, mais conservador, ganhasse força. 

Para o professor, essa utilização da religião para interesses particulares pode ser constatada até em condutas aparentemente sem maior repercussão, como o fato de ter se batizado em uma igreja evangélica no Rio Jordão, em Israel, ao passo que também faz declarações de que é católico.

Gerson Leite

Professor da Mackenzie, historiador e filósofo político

"Ele não é necessariamente um religioso, que vive segundo os princípios apregoados pela religião, mas a usa para fins políticos"

Assim, na avaliação de Gerson Leite, a participação de Bolsonaro na Marcha para Jesus, no Espírito Santo e em outros Estados, se mostra uma aliança com benefícios tanto para o presidente quanto para líderes evangélicos — não necessariamente para os fiéis — que concentram boa parte do apoio à reeleição. Por aqui, Bolsonaro tem a preferência do eleitorado desse segmento religioso.

"Os interesses de Bolsonaro são sempre político-eleitorais, reforçando a ideia maniqueísta do bem contra mal. Por outro lado, lideranças conseguem benefícios, como emplacar pessoas indicadas para cargos no governo.

Tivemos representantes de várias igrejas ocupando ministérios e também no segundo e terceiro escalões", pontua o professor. Um desses nomes é o do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro, que chegou a ser preso em junho sob a acusação de favorecer pastores na distribuição de verba pública. Mesmo após soltura, a investigação prossegue. 

* Com informações Agazetaonline

 

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