Casagrande garante que, da parte do governo do Estado, nunca houve nenhuma iniciativa para criar nenhum tipo de constrangimento à prefeitura. Por outro lado, alega que desde ações relacionadas à pandemia, sempre houve contraponto da prefeitura às medidas tomadas pelo governo estadual, muitas vezes dando encaminhamento diferente.
"A declaração que ele fez foi uma declaração muito violenta. Violenta, mentirosa, que exige que de fato isso seja apurado, para deixar tudo claro, transparente. Eu não posso viver nesse ambiente permanente de construção de fake news, de ataques. O processo eleitoral e o processo político não podem ser construídos com base na tentativa de assassinar a reputação de outras pessoas. Eu não posso querer assassinar a reputação e matar a honra de quem é adversário. A gente tem que disputar nas ideias", declarou o governador.
Questionado a que atribui as acusações do prefeito, o governador afirmou desconhecer a motivação, uma vez que o prefeito não é candidato ao governo nas eleições deste ano e espera que "institucionalmente o prefeito possa compreender qual o papel dele".
"Ele não é candidato a governador e nem eu mesmo sei se serei candidato. É uma disputa boba. A gente poderia estar junto trabalhando. Ele poderia apoiar quem ele quisesse para governador e eu apoiar quem eu quisesse ou ser candidato. É uma disputa besta essa, desnecessária", acrescentou Casagrande.
"É necessário que o prefeito (Lorenzo Pazolini) possa saber a importância do cargo de prefeito, da função do prefeito, especialmente do prefeito da Capital, porque independente de posições políticos-eleitorais nós temos que ter uma relação institucional. E o prefeito pode usufruir de todos os benefícios do governo do Estado, até porque nós trabalhamos boa parte da liberação de recursos através de editais. Publicamos editais e as prefeituras fazem adesão e apresentam propostas. E ele nem isso… até isso precariamente ele faz"
REPRESENTAÇÃO NO MPES
O governador ressalta o fato de ter acionado o Ministério Público do Espírito Santo (MPES) imediatamente após o governo ser alvo das acusações do prefeito. A Procuradoria-Geral do Estado (PGE) encaminhou representação no MPES no mesmo dia das declarações de Pazolini, no sábado. Na última terça-feira, dia 17, o MPES notificou o prefeito via e-mail institucional para que apresente, até a próxima terça-feira (24/05), fatos concretos e explique as acusações sobre a suposta prática de irregularidade em licitação do governo do Estado.
Ao notificar o prefeito, o MPES informou que tanto a representação quanto o discurso foram analisados no âmbito da Procuradoria-Geral de Justiça, que decidiu solicitar mais informações para a complementação da narrativa dos fatos supostamente praticados, quem seriam os autores e quais seriam as consequências jurídicas desses fatos na esfera cível e/ou criminal, bem como se haveria pessoas com prerrogativa de foro envolvidas.
"A única autoridade que despacha no Palácio Anchieta é o governador do Estado. Então, mesmo que ele não tenha dito o nome, ele fez uma acusação ao governador. Então, eu assumi pra mim essa denúncia e pedi imediatamente à PGE para interpelar ao MPES, para dar a ele a oportunidade de apresentar essa denúncia", destacou o governador.
"Ele deveria ter apresentado denúncia quando recebeu a proposta indecente, indecorosa, segundo ele. Como prefeito, como delegado, como advogado, como cidadão, ele deveria ter feito a denúncia lá atrás. Não fez. Quer fazer agora porque é ano eleitoral? Então, apresente as provas a partir deste momento"
Ao ser questionado se descartava que qualquer membro do governo possa ter feito alguma proposta irregular ao prefeito, Casagrande enfatizou que não pode responder pelos membros do seu governo, mas apenas com relação a si mesmo.
"Estou respondendo pela minha pessoa. Acho que não tem (irregularidade), mas se tiver alguma coisa contra alguém, esse alguém tem responsabilidade com aquilo que fez. Eu não tenho compromisso com erro de ninguém, de ninguém mesmo, nem mais próximo de mim, nem mais distante de mim", declarou o socialista.
Por fim, o governador salientou que ainda está fazendo uma reflexão se vai disputar a reeleição. Para isso, está ouvindo amigos e familiares e só tomará uma decisão em julho, no período de convenções partidárias.
"Política tem que ser uma continuidade da vida da gente, mais uma atividade. A política não pode ser o local em que você ache que vale tudo, que vale você mentir, dissimular, agredir. Não é isso a política. Esse tipo de comportamento de fato me desanima", concluiu.
PREFEITO MANTÉM SILÊNCIO
Na última segunda-feira (16/05/2022), o prefeito entregou à Superintendência da Polícia Federal no Espírito Santo "documentos contendo informações sobre a possível prática de crimes". A PF, entretanto, não esclareceu se o material tem relação com as acusações de Pazolini contra o governo do Estado.
Desde o último sábado, A Gazeta tem procurado a Prefeitura de Vitória pedindo esclarecimentos sobre as acusações que Pazolini fez em evento oficial, como chefe do Executivo municipal. Nesta quinta-feira (19/05), a assessoria do prefeito manteve a resposta de que não vai se manifestar sobre o assunto.
Da mesma forma, não respondeu se Pazolini já recebeu a notificação do MPES, se já a respondeu ou quando irá respondê-la. Com isso, já são seis dias sem respostas para os seguintes questionamentos:
- Por que apenas agora, meses depois do ocorrido, o prefeito está se manifestando a respeito?
- As acusações feitas em vídeo foram formalizadas perante os órgãos de investigação, como Ministério Público ou Polícia Federal? Se foram, quais órgãos e quando?
- Quem estava presente e participou dessa reunião citada pelo prefeito no vídeo?
- Quem, especificamente, teria falado sobre a licitação e qual seria a empresa vencedora mencionada por essa autoridade?
- Quais seriam as empresas beneficiadas ou envolvidas?
- Quando essa reunião aconteceu?
- O prefeito afirma que há provas. Quais são as provas e elas podem ser compartilhadas conosco?
- De que trata os documentos entregues pelo prefeito ao superintendente da Polícia Federal na segunda-feira, dia 16? Eles estão relacionados à acusação feita pelo prefeito durante evento oficial da prefeitura, no último sábado?
- Quais foram os documentos entregues pelo prefeito ao superintendente da PF?
Com informaçõs Agazeta online