Advogada e influenciadora digital Deolane Bezerra é presa em operação contra lavagem de dinheiro
A advogada e influenciadora digital Deolane Bezerra foi presa nesta quarta-feira (4/9), no Recife, numa operação contra uma quadrilha suspeita de lavagem de dinheiro e jogos ilegais. A mãe dela, Solange Bezerra, também foi detida, passou mal e foi levada para o Hospital Português.
De acordo com a Polícia Civil, foi decretado o sequestro de bens como carros de luxo, imóveis, aeronaves e embarcações e bloqueio de ativos financeiros no valor de R$ 2,1 bilhões, de vários alvos. No entanto, até a última atualização desta reportagem, não esclareceu a quem pertencia cada bem.
A prisão de Deolane aconteceu em um hotel no bairro de São José, na região central do Recife. As investigações da operação "Integration" foram iniciadas em abril de 2023, e esta é a terceira fase da operação, de acordo com a Polícia Civil.
Ao todo, na operação "Integration", foram expedidos 19 mandados de prisão. Um dos alvos da ação é considerado foragido pela Polícia Civil, mas a corporação não divulgou quantos dos mandados foram cumpridos, até a última atualização desta reportagem, nem de que forma aconteciam os supostos crimes.
Também foram expedidos 24 mandados de busca e apreensão no Recife, Campina Grande (PB), Barueri (SP), Cascavel (PR), Curitiba e Goiânia. Um mandado foi cumprido em Minas Gerais, onde um avião que saiu de São Paulo pousou.
Outro mandado de busca e apreensão foi cumprido num apartamento no bairro de Boa Viagem, na Zona Sul do Recife. A residência é de Darwin Henrique da Silva Filho, CEO da empresa de apostas online Esportes da Sorte. No local, segundo a polícia, foram apreendidos joias e dinheiro.
Além de bloqueios de ativos financeiros no valor de mais de R$ 2,1 bilhões, foi determinada a entrega de passaportes, a suspensão do porte de arma de fogo e o cancelamento do registro de arma de fogo dos envolvidos. Os nomes não foram divulgados pela corporação.
Até o momento, não foi esclarecida a propriedade de cada bem apreendido. Um carro de luxo foi apreendido na mansão de Deolane, em São Paulo.
As investigações contaram com a colaboração da Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol), e das polícias civis dos estados de São Paulo, Paraná, Paraíba e Goiás. Ao todo, 170 policiais estão envolvidos na operação.
Deolane e Solange Bezerra foram levadas para o Departamento de Repressão aos Crimes Patrimoniais (Depatri), em Afogados, na Zona Oeste do Recife. Deolane, que mora em São Paulo, passava o fim de semana em Pernambuco, onde nasceu, quando foi presa.
Em entrevista coletiva concedida no fim da manhã, a Polícia Civil de Pernambuco não explicou qual é a ligação de Deolane com o suposto esquema nem detalhou como atua a organização criminosa investigada.
O chefe da polícia, Renato Rocha, disse que a operação mira uma organização que faz lavagem de dinheiro de recursos provenientes de jogos ilegais. Ele não explicou, porém, que jogos são esses, não deu os nomes das pessoas e empresas investigadas nem detalhou como ocorre a lavagem de dinheiro.
Em nota, a defesa de Deolane diz que ela está à disposição das autoridades para esclarecer os fatos e pede que seja respeitado o princípio da presunção de inocência.
O que diz a defesa
O escritório da advogada Adélia Soares, que defende Deolane e Solange, publicou uma nota nas redes sociais em que diz que a investigação é sigilosa e que a divulgação de detalhes específicos do processo "não só desrespeita o direito à privacidade da investigada, como também pode configurar violação de segredo de Justiça, sujeitando os responsáveis às devidas sanções legais".
"Ressaltamos que a Dr. Deolane Bezerra tem plena confiança na Justiça e permanece à disposição para colaborar com as autoridades competentes, de modo a esclarecer todos os fatos. Além disso, informamos que o corpo jurídico da Dra.
Deolane já está tomando todas as providências cabíveis para garantir o respeito ao sigilo processual e para responsabilizar aqueles que, porventura, estejam divulgando informações inverídicas ou confidenciais de forma indevida", diz a nota.
Nas redes sociais, a irmã de Deolane, Dayanne Bezerra, disse que a irmã e a mãe são inocentes.
"Mais uma vez, venho aqui por minha cara a bater e falar que estamos sendo perseguidas. E que vamos provar a nossa inocência, custe o que custar. Espero que não venham especular e que não me perguntem nada. O que eu tinha para dizer, está dito aqui. E se eu tiver alguma atualização, eu venho falar, porque nós não temos vergonha e nós não devemos nada", disse a irmã.
De acordo com o advogado Pedro Avelino, que defende Darwin Henrique, o CEO não estava no local, pois está viajando a trabalho.
"O que aconteceu hoje foi um cumprimento de um mandado de busca e apreensão. A gente vai se habilitar dentro dessa representação para entender todo o contexto. É importante registrar que a gente já se colocou à disposição da autoridade policial há mais de um ano e meio. Então, a gente acha estranho virem medidas tão gravosas como mandado de prisão, mandado de busca e apreensão, quando a gente desde o início da investigação vem cooperando com a polícia", disse o advogado.
PORTAL SBN